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Quinta-feira, 13 de Dezembro de 2007

AL GORE CRITICA EUA E APELA A VONTADE POLÍTICA PARA MANDATO DE BALI

Francisco Ferreira e Ana Rita Antunes (na conferência de Al Gore, em Bali)

 

19.40h em Bali – Centro de Conferências com uma das salas maiores completamente lotada e muitas centenas de pessoas a verem a intervenção pelos televisores em circuito fechado.
Al Gore desta vez não fez a sua apresentação habitual da “crise climática” com os habituais diapositivos a acompanhar. Foi um discurso improvisado onde o Presidente do Painel Intergovernamental das Alterações Climáticas, que em nome do Painel também recebeu o Prémio Nobel há três dias, também esteve presente.
Al Gore começou por mencionar que a realidade climática está a avançar mais depressa ainda do que a ciência vai prevendo, sendo que a passagem durante o Verão pelo Pólo Norte em termos de navegação pode já acontecer dentro de 5 a 7 anos. Falou do que está a acontecer em termos de alterações climática à volta do mundo, dizendo que o planeta “está com febre”. Mencionou a falta de acção da maioria dos políticos à escala global. Mencionou estar a falar como pai, avô, cidadão. Mas o mais importante foi sem dúvida o comentário político dizendo que o seu país era o principal responsável por obstruir as negociações em Bali (recebendo um enorme aplauso), apesar de não ser o único...
Disse que de Bali pode sair uma folha branca com uma nota de pé de página que tem de dizer que a folha tem de estar escrita até 2009. “Daqui a uns anos os EUA estarão onde não estão agora”. Mas apelou para não se olhar para os EUA apenas para a administração, mas para o Congresso, para o Senado, para alguns Estados e para muitos municípios. “Daqui a 1 ano e 40 dias haverá eleições”. As posições de quem vencer podem ser ligeiramente diferentes mas serão sempre outras que as da actual administração. Mencionou o fundo de adaptação e a transferência de tecnologia como prioridades; do evitar da desflorestação. No que respeita às metas de redução, apelou a uma antecipação em dois anos para entrada em vigor das novas regras a definir até Copenhaga em 2010 e não a partir de 2012.`
Al Gore considerou que de Bali tem de sair um forte mandato e mencionou o exemplo da mudança de Governo na Austrália e a adesão do país ao Protocolo de Quioto recentemente anunciada (fortes aplausos).
Numa sala com muitos americanos, apelou ao facto das alterações climáticas serem uma “questão moral” e deu o exemplo habitualmente presente nas suas conferências e também no seu filme “Uma Verdade Inconveniente” e que foi o desafio do Plano Marshall. Mais que uma questão política é uma questão moral e humanitária de salvaguarda do planeta que diz respeito a todos. É preciso que os países desenvolvidos recorram a capacidade de agir que habitualmente é mencionada para os países em desenvolvimento.
Al Gore considerou que o futuro após a Conferência de Bali é difícil – não há caminho de Bali a Copenhaga a não ser que o construamos, mas as próximas gerações exigem-no. Mais uma vez repetiu a mensagem principal – é preciso vontade política e essa é um recurso renovável. (20.30h, hora de Bali, 12.30h em Portugal)
publicado por bali às 12:18
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PORMENORES DE UMA CONFERÊNCIA...

Francisco Ferreira (Quercus em Bali)

 

A 36 horas da Conferência de Bali dever terminar, aqui seguem um conjunto de curiosidades que ao longo de quase 15 dias a Quercus por aqui foi recolhendo. Mais tarde seguem os resultados do andamento (ou não) das negociações
Lidar com uma temperatura e humidade enormes obrigam a ter alguns cuidados e a organização procurou ultrapassar essas dificuldades – colocou nos acessos exteriores à conferência  bebedouros como o presente na foto (no interior pode-se sim comprar água). Como estão desligados da electricidade, o que é uma boa medida de poupança energética, é sempre um prazer beber água quente solar para evitar a desidratação.
Quanto ao destino dos copos que cada um utiliza a acrescentar às quantidades incomensuráveis de papel com os documentos essenciais da Conferência, nada como recipientes de recolha selectiva – o destino, não sabemos exactamente. A Quercus porém tem optado preferencialmente pelas versões electrónicas dos documentos e o uso de uma garrafa (de plástico….) para se ir enchendo em vez do uso do copo. É de notar que na recolha selectiva o vidro está de fora porque as garrafas usadas no interior do local da Conferência são realmente de vidro, mas reutilizável.
Enquanto tem havido muito mais sol que chuva, o guarda-chuva transforma-se realmente mais em chapéu-de-sol, que a organização também oferece, com um apoio de uma empresa de papel (nem sei se reciclado) mas eles no seu fabrico só têm madeira, metal e plástico.
Quanto ao ar condicionado, a recomendação de não usar gravata e casaco foi um desastre – cá fora é realmente a única forma de se lidar com o calor e com a humidade, e mesmo assim fica-se a suar em bica; no interior das salas de reuniões, a temperatura é tão baixa que se gela. Após várias recomendações dos ambientalistas, parece que finalmente reduziram ligeiramente o esforço energético do sistema de ar condicionado e agora sim, nestes últimos dias, mesmo dos Ministros e respectivas comitivas de fato e gravata conseguem viver mais confortáveis. As consequências porém já se fizeram sentir, e muitos são, incluindo eu próprio, que ficaram constipados à custa de passar de 30 para 15 graus e vice-versa, tantas e tantas vezes.
publicado por bali às 06:55
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