Apesar de estar definido desde a cimeira de Nairobi, no ano passado (2006), que em Bali se começam a discutir os aspectos negociais de um documento que suceda ao protocolo Quioto, foi só a partir de Setembro que o encontro que esta semana começa na Indonésia teve um maior impulso político.
Durante dois dias, em Nova Iorque, o secretário-geral das Nações Unidas (ONU) recebeu os chefes de Estado e de Governo para uma cimeira inédita sobre Alterações Climáticas, na altura Ban Ki-moon disse ter ouvido " um apelo claro dos dirigentes do mundo para um progresso decisivo" durante a cimeira de Bali.
Na declaração final o secretário-geral da ONU adiantou que "Este acontecimento enviou um poderoso sinal político ao mundo e à conferência de Bali, segundo o qual existem ao mais alto nível a vontade e a determinação de romper com o passado e agir de forma decisiva".
Por outro lado, "o tempo das dúvidas passou", disse Ban Ki-moon, numa clara referência aos estudos científicos que surgiram ao longo do ano. O líder da ONU citou mesmo o relatório do Painel Intergovernamental sobre as Alteraçöes Climáticas (sigla em inglês: IPCC) que "afirmou inequivocamente que o nosso sistema climático está a aquecer e que isso se deve directamente às actividade humanas".
Ban Ki-moon apelou ainda ao líderes mundiais para que se concentrem nos esforços das Nações Unidas porque só a "reunião das Nações Unidas sobre alterações climáticas é o fórum adequado para negociar uma acçäo global", declarou o secretário-geral da ONU, num aviso indirecto ao esforço dos Estados Unidos da América para seguir um caminho negocial separado.
O secretário-geral da ONU também abordou uma das principais reticências manifestadas pelos Estados Unidos à imposição de limites para as emissões de gases com efeito de estufa (GEE), a de que seria demasiado penalizante para a economia norte-americana.
"Näo fazer nada agora será a acçäo mais cara de todas a longo prazo", sublinhou.
Curiosamente os EUA estiveram presentes nesta cimeira não através do chefe de Estado mas com a presença do Governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger ,que revelou aquilo que está a fazer para limitar os GEE.
No plenário desta cimeira de Setembro, Schwarzenegger, disse que "a Califórnia está a pressionar os Estados Unidos para que se vá além do debate e das dúvidas rumo à acçäo".
A Califórnia - liderada por um governador republicano e com uma legislatura democrata - aprovou uma lei que obriga as indústrias locais a reduzirem as emissões de gases com efeitos de estufa em 25 por cento até 2020, ao mesmo tempo em que a Administração Bush continua a recusar um compromisso que obrigue os Estados Unidos a reduzir as emissões, ao abrigo do que está estipulado no protocolo de Quioto.