As duas principais cidades do país estão no grupo dos centros urbanos com mais potencial de cheias devido às alterações climáticas e à consequente subida do nível do mar.
Um relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento na Europa) alerta para os impactos das Alterações Climáticas no desenvolvimento urbano. O estudo analisa a exposição de pessoas e bens ao risco de cheias em 136cidades portuárias do mundo inteiro.
Uma maior concentração da população, as alterações climáticas, o retorno cíclico de uma grande cheia por século é este conjunto de circunstâncias fará das cidades portuárias em todo o Mundo locais de grandes perdas de pessoas e bens.
A OCDE traçou os cenários previsíveis para 2070 entrando em linha de conta com algumas variáveis. Lisboa e Porto surgem nessa listagem de risco, onde se inclui mais uma dezena de cidades portuárias europeias, algumas delas ainda mais ameaçadas.
Com e sem alterações climáticas, com ou sem grandes alterações económicas assim foram traçados diversos cenários para avaliar o que poderá acontecer às 136 cidades/regiões portuárias que têm pelo menos um milhão de habitantes e acentuarão o seu crescimento populacional.
Lisboa e Porto entraram neste cálculo da OCDE mas apesar de não estarem entre os cenários mais dramáticos traçados para 2070, a sua evolução demográfica e económica tenderá a acentuar as consequências humanas e materiais de cheias.
Mesmo com o clima de agora, se for projectado o crescimento económico e da população para 2070, o cenário seria gravoso para as duas cidades. Lisboa teria ameaçadas 79 mil pessoas e o Porto 19 mil. Em qualquer das projecções, o relatório entra em linha de conta com a hipótese do retorno de uma cheia das que ocorrem pelo menos uma vez em cada cem anos.
Em termos mundiais, a Ásia concentra a potencialidade do maior número de vítimas, enquanto algumas cidades dos EUA e da Europa concentram a riqueza em risco. Quanto a protecções, Londres, Tóquio e Amsterdão são as mais bem equipadas, até para a recorrência de cheias num período de mil anos.
A Índia e a China são e serão as que mais prejuízos de toda a ordem podem sofrer. No mapa do futuro, o crescimento populacional pode também pôr em risco cidades como Luanda.
O PIOR CENÁRIO
Num dos cenários previstos, em que se conjuguem as mudanças climáticas e aumento da população, as vítimas na região de Lisboa podem ascender a 90 mil e no Porto a 22 mil. Os danos económicos na primeira destas cidades cifrar-se-ão em 20 mil milhões de Euros de perdas e na segunda em mais de seis mil milhões.
CONCLUSÂO
Retirar as populações e as instalações produtivas dos leitos de cheias é referido pela OCDE como condição para minimizar consequências económicas e humanas. O documento cita casos de cidades portuárias, como Londres, Amsterdão e Nova Iorque, para frisar que medidas defensivas não impedem totalmente os prejuízos. Mas a antevisão é necessária, por exemplo, as barreiras no Tamisa para defender Londres demoraram 30 anos entre a decisão e a operacionalidade, conclui o relatório da OCDE que pode ser consultado no site da organização.