Francisco Ferreira e Ana Rita Antunes (Quercus em Bali)
A noite sábado foi ocupada por um dos eventos habituais destas conferências e um dos melhores sucedidos – a festa organizada pelas organizações não governamentais. Com música autóctone e internacional, a festa prolongou-se pela madrugada dentro, e não se pense que em termos de decisões a festa não é relevante. É precisamente nestes eventos que delegados governamentais aproveitam para trocar ideias com as associações de ambiente de modo informal mas relevante para o próprio processo negocial, porque todos os participantes são bem-vindos. Os dois membros da Quercus em Bali, com um deles ainda a recuperar do jet-lag, abandonaram a festa pela meia-noite.
Domingo foi o dia de descanso oficial na Conferência das Nações Unidas em Bali. Descanso oficial não significa necessariamente que as actividades negociais estejam paradas. O centro de conferências esteve encerrado, não houve eventos paralelos, mas em muitos casos houve trabalho a fazer para preparar uma semana intensa com Primeiros-ministros, Ministros e Secretários de Estado, e conhecidos como AlGore, tendo as dezenas de organizações não governamentais tido uma reunião de estratégia durante toda a tarde.
Assim, a manhã de domingo foi e será mesmo o único tempo livre aproveitado durante toda a conferência para fazer uma curta visita cultural aos terraços de campos de arroz que marcam a paisagem de Bali, a Ubud – uma vila característica pelos seus trabalhos artísticos e pelo seu mercado e ainda a um dos mais importantes templos hindus. Dos 230 milhões de habitantes indonésios, a maioria são muçulmanos, mas 25 milhões da população total são hindus e vivem predominantemente em Bali. Bali está assim povoada de templos hindus com oferendas lá colocadas diariamente – cada casa tem o seu próprio templo, bem como cada povoação. Uma das curiosidades, na visita a um dos templos, foi o facto de verificar que aqui, para além dos quartos de muitos hotéis e salas de conferências, também os templos são iluminados por lâmpadas de alta eficiência (descubra-as na foto em cima) por razões económicas e ambientais (assim explicado pela guia). Um bom exemplo a seguir em países desenvolvidos como Portugal onde a fracção de lâmpadas incandescentes e de halogéneo ainda é demasiado grande.
Entretanto no final de sábado saía da Presidência da Conferência a primeira proposta de decisão com três opções políticas sobre o caminho a seguir pós-202 que vão marcar a discussão nos próximos dias, da mais inconsequente à mais determinante, esta última na linha do que as organizações não governamentais de ambiente e a União Europeia defendem. Mais tarde no blog explicaremos o que está em causa.